segunda-feira, 23 de maio de 2011

Escola Municipal José Teodoro Rodrigues - Roda de Leitura


A leitura pelo professor deve ser uma atividade permanente, realizada todos os dias preferencialmente dentro de uma seqüência de ações informada previamente às crianças. Para o momento da leitura compartilhada, o ambiente deve ser preparado de modo que as crianças possam sentar em círculo, seja em cadeiras ou no chão, com tapetes ou almofadas, e todas possam ver e ouvir a voz do professor.
O professor pode, enquanto as crianças não estão familiarizadas com a realização deste momento, estabelecer uma pequena introdução, na forma de uma canção ou brincadeira, de modo que todos estejam sentados e concentrados rapidamente. À medida que as crianças têm ampliada a sua experiência como leitores esses rituais perdem sua função e o professor pode começar a atividade sem mediações.
A escolha do texto a ser lido deve levar em conta a experiência leitora das crianças, de modo que o texto não seja tão além de suas possibilidades que soe incompreensível, nem tão aquém que não traga mais nenhum aprendizado ou prazer na escuta. Deve-se evitar escolhas pautadas unicamente na "mensagem" do texto, feitas com a intenção de deixar um ensino moral, critério que não pode estar acima da qualidade literária, ou de textos com informações banalizadas e distorcidas, os textos "fáceis", escritos supostamente para um "público infantil".
A leitura de um texto desconhecido, de contos de um mesmo autor, de contos de autores nacionais, como Câmara Cascudo, de contos de um mesmo tipo de personagem (bruxas, piratas), de uma época determinada (como o tempo dos reis e princesas), de um lugar (contos de Japão, contos russos), pode dar às crianças a vez de escolha de um texto de sua preferência. O professor deve ter a intenção clara ao planejar, que seus alunos conheçam, ao longo de um período da escolaridade, textos variados - deve escolher quais e com que grau de familiaridade.
Esta atividade tem três momentos distintos:
Antes da leitura, o professor:
1. Anuncia a leitura a ser feita, ou a história a ser contada, de modo a marcar claramente sua opção por contar ou ler, ações distintas, com sentido e características também diferentes.
2. Explicita os motivos ou motivos de sua escolha, porque é uma história atrativa e interessante, porque está relacionada com algo já tratado em sala ou com um tema de trabalho, porque é divertida, porque quer compartilhar com o grupo de crianças uma de suas histórias preferidas na infância, etc.. Os motivos podem ser muitos, o importante é que estejam claros para o professor no ato da escolha, e para as crianças no compartilhar, possibilitando que elas, ao longo do tempo, também se vejam como leitores com preferências pessoais.
3. Comunica onde e como encontrou o texto: se é um livro, mostra a capa e lê os dados (título, autor, editora); se é um jornal, faz referencia à seção na qual a notícia aparece; se é um poema, diz onde está em que livro, de quem...
4. Quando necessário, traz informação complementar: lê partes da introdução, conta dados biográficos do autor (ou ilustrador, no caso de fazer menção às ilustrações ou fazer uma leitura visual) ou traz informações sobre a coleção, etc.
Durante a leitura, o professor:
1. Cuida para que todos os seus alunos possam ouvi-lo, lê em voz alta e clara o texto que já preparou anteriormente.
2. Apresenta sua "leitura pessoal" do texto e envolve o leitor: altera a ênfase nas entonações, faz pausas intencionais, etc. Coloca em jogo diante dos alunos seu próprio comportamento de leitor "expert": mostra-se interessado, surpreso, emocionado, divertido.
3. Faz interrupções de acordo com a possibilidade de seus leitores: faz suspense e continua no dia seguinte de modo a criar nos alunos o desejo da continuidade da leitura, lê uma história em capítulos...
4. Não deve interromper a leitura para explicar palavras que as crianças não conheçam. Em geral, elas descobrem o significado a partir do contexto.
5. Possibilita que as crianças falem. Principalmente, no caso de textos conhecidos e dizeres que as crianças facilmente memorizam, como as falas de personagens marcantes ou trechos de canções.
Depois da leitura, o professor:
1. Após a leitura de um texto, ao invés de o professor preocupar-se em saber se os alunos entenderam (até porque nunca há um único entendimento possível), ele poderá tecer os seus comentários sobre o que foi lido, instigando as crianças a falarem também acerca de suas próprias impressões, tal como nós fazemos diante de um romance, conto ou poesia. Nesse sentido, o papel e uso social da literatura estarão evidenciados para as crianças, que se verão como leitores, no sentido mais genuíno do termo.
2. Pode voltar a ler um parágrafo do texto, uma parte surpreendente da história, a fala de uma personagem, de modo a possibilitar maior compreensão ou prazer na interação com o texto.
3. Abre espaço para conversas sobre o texto, opina sobre o que leu, troca seus pontos de vista com os das crianças, estimula-as a que exponham o seus, a que se manifestem como leitores em um contexto não escolar.
4. Diante de alguns comentário das crianças ou diante de interpretações diferentes, sugere a volta ao texto: localiza o fragmento que provocou o comentário e o relê para confirmar ou retificar as interpretações sugeridas.



Professora Claudete realizando uma roda de leitura com seus alunos do 1º ano.